Ajahn Jayasaro (Mahabodhi International Center, Ladakh, Nepal)
Por que meditar? Porque sem praticar meditação não é possível obter acesso sustentado ao prazer não sensorial (niramisasukha), “E daí?” poderia ser uma objeção ao processo meditativo. Aqui está porque isso importa:
(i) A qualidade da experiência em si: aqueles que têm acesso ao prazer não sensorial através da Meditação afirmam que ele é tão superior ao prazer sensual que faz as comparações parecerem ridículas.
(ii) Benefícios que mudam vidas: a mente não iluminada tem uma relação disfuncional com o prazer sensorial. O desejo por ele pode facilmente levar à dor, decepção, obsessão e ao vício. Pode também conduzir a comportamentos antiéticos, à violência e, numa escala mais ampla, a guerras entre países, sempre orientadas pelo DESEJO. No entanto, o prazer sensorial e a busca por ele estão no cerne da vida de quase todas as pessoas; ele parece oferecer a única esperança real de felicidade no mundo.
O prazer não sensorial oferece uma perspectiva totalmente nova sobre as necessidades humanas. Ele revela duramente as falhas do prazer sensorial. Também deixa claro que o desejo pelo prazer sensorial é um dos principais obstáculos à experiência de algo mais pacífico ou mais profundo. Como resultado, os valores começam a mudar. Não desejamos mais colocar todos os nossos ovos na cesta do prazer sensorial. Enxergamos o papel da Meditação em nos levar para uma vida mais equilibrada e inteligente.
(iii) Niramisasukha não é o objetivo da meditação budista. Se ele se torna um objeto de desejo, então a pessoa não está mais praticando meditação budista. É apenas mais um projeto mundano. O prazer não sensorial capacita e estabiliza a mente no caminho da sabedoria.
Nirāmisatara Sukha
A adição de “tara” (que significa “último”) eleva nirāmisa sukha a um estado com ainda menos agitação da mente. O nirāmisatara sukha é mais estável, mesmo em comparação aos prazeres jhânicos. Ele começa antes mesmo do primeiro estágio de Nibbāna, o estágio Sotapanna, mas é inteiramente nirāmisatara apenas no estágio Arahant (estágio ultimo possível para o caminho em direção a Nibbana).
Portanto, nirāmisatara sukha não surge devido a coisas materiais. Nirāmisatara sukha é puramente a alegria mental e surge da dissociação do mundo material estressante. É uma sensação de alívio em vez de prazer. Imagine a sensação quando uma dor de cabeça pulsante vai embora. É uma sensação de calma e paz.
Em outras palavras, o estresse mundano diminui à medida que o nirāmisa sukha cresce. O nirāmisatara sukha de um Sōtapanna [aquele que entrou na correnteza doi rio que leva a Nibana] (ou acima) é permanente. O estágio de Sōtapanna nunca é perdido, mesmo em vidas futuras (no máximo sete como ensinou o senhor Buddha). No entanto, o sofrimento físico ainda pode surgir devido ao kamma vipāka (que de forma simples significa consequência do karma, por boas ou más atitudes feitas anteriormente).
Excelente material de leitura 💙possível até acalmar a mente no início da meditação refletindo sobre niramisatra, obrigado!!