Ajahn Jayasaro
Na Tailândia, e em alguns outros paises, são celebrados três feriados budistas: Māgha Pūjā, Visākha Pūjā e Asālha Pūjā. As datas destes feriados variam de ano para ano, determinadas pelo calendário lunar, não pelo solar. Os feriados comemoram acontecimentos importantes que se deram nos dias de lua cheia, no tempo do Buda. Cada feriado é dedicado a um dos três refúgios: Māgha Pūjā, ao Dhamma, Visākha Pūjā ao Buda e Asālha Pūjā, ao Sangha.
Māgha Pūjā é celebrado na lua cheia de Fevereiro. Celebra o dia em que o Buda apresentou o discurso Ovāda Pātimokkha, no qual resumiu os ensinamentos de todos os Budas. A ocasião é considerada especialmente auspiciosa, uma vez que a audiência continha 1250 monges iluminados, que se juntaram no mosteiro onde o Buda residia, sem combinação prévia.
Visākha Pūjā é celebrado na lua cheia de Maio. Acredita-se que foi neste dia que Buda nasceu, se iluminou e faleceu. É um dia dedicado à memória de Buda e é considerada a data mais importante do calendário Budista. Podemos usar em português a palavra Vessak ou Vesak, que significa o mesmo evento. Ou seja o nascimento, Iluminação e a morte do corpo do Senhor Buddha.
Asālha Pūjā é celebrado na lua cheia de Julho. Comemora o dia em que o Buda transmitiu o seu primeiro discurso, o Dhammacakkhapavatanna Sutta, o qual ‘pôs em movimento a roda do Dhamma’. A audiência era composta pelos seus cinco primeiros seguidores, que o tinham acompanhado durante anos de práticas ascéticas. No fim do discurso, um destes ascetas, Aññā Kondañña, atingiu o primeiro estado de iluminação, tornando-se, assim, o primeiro membro da ‘comunidade dos nobres’, ou Sangha.
O primeiro estágio da Iluminação é chamado de Sotapañña, ou seja aquele que entrou na correnteza. Qual correnteza? Seria uma analogia a um rio, que leva tudo para mais a frente, e este rio (do conheciemnto e prática) que leva a Nibbana, que é o objetivo máximo da escola Theravada.
Nos feriados budistas, os leigos participam numa série de atividades meritórias: oferecem comida à ordem monástica (monges e monjas), tomam preceitos renunciantes (monpásticos), ouvem sermões (palestras sobre o Dhamma), meditam; mas a atividade mais popular é a participação na circum-ambulação à volta das imagens de Buda, ou stupas com relicários, que muitos mosteiros organizam nessas noites, assim que surge a lua cheia.
Há uma cerimônia chamada Kathina. Kathina é um festival budista que ocorre no final do Vassa, ou retiro de três meses da estação chuvosa para budistas Theravada em Bangladesh, Mianmar, Tailândia, Índia, Sri Lanka, Vietnã, Camboja, Laos, Malásia e Singapura. A temporada durante a qual um mosteiro pode realizar Kathina dura um mês, começando após a lua cheia do décimo primeiro mês do calendário lunar. É um momento de doação, para os leigos expressarem gratidão aos bhikkhus. Seguidores leigos trazem doações aos templos, especialmente novas vestes (robes ou mantos) para os monges.
Este ano de 2.025 a Khatina, será comemorada nos dias 18 ou 19 de outubro, onde as comunidades visitam os templos ou também os monastérios para levarem as doações (comidas e mantos) para os monges residentes. Há outras datas no mesmo mês, que também se comemora o mesmo evento, mas no geral ocorrem em outubro.