Sutta Nipata 4.4
“‘Vejo alguém que é puro1 e perfeito, totalmente livre de doenças. Fruto das ideias filosóficas que possui. Ao vê-lo, um homem pode atingir a pureza!’
“Convencido disso e pensando que é ‘o mais elevado’, ele acredita que é conhecimento quando contempla ‘o Puro’. Mas se por visões o homem pode obter purificação ou se por meio de tal conhecimento ele pode deixar o sofrimento para trás, então, alguém que ainda tem apegos pode ser purificado por outra pessoa (ou brâmane). No entanto, esta é meramente a opinião daqueles que assim afirmam.
“O (verdadeiro) brahmana disse que ninguém é pode ser purificado por outro, nem pelo que é visto, ouvido ou percebido (pelos outros sentidos), nem pela realização de observâncias rituais. Ele (o verdadeiro brahmana) não é contaminado por mérito ou demérito. Tendo desistido do que ele tinha (anteriormente) apegado, ele não se envolve mais em produzir (nenhum kamma). Tendo deixado um (objeto) anterior, eles se apegam a outro, dominados pelo desejo, eles não vão além do apego. Eles rejeitam e se agarram, como um macaco soltando um galho para segurar um outro galho.
“Uma pessoa que empreendeu um ato ritual segue este e aquele caminho, acorrentada por seus sentidos. Mas alguém com uma ampla sabedoria, tendo compreendido e entrado no Dhamma com sua experiência, não segue este e aquele caminho. Para uma pessoa indiferente a todas as condições, o que quer que seja visto, ouvido ou conhecido, ele é alguém que vê como realmente é e vive com clareza (de mente). Com o que ele poderia ser identificado no mundo?
“Eles não especulam nem perseguem (nenhuma noção), eles não reivindicam pureza perfeita. Afrouxando o nó (de apego) com o qual estão presos, eles não têm desejo em lugar nenhum deste mundo. O (verdadeiro) brahmana que foi além das limitações, tendo compreendido e visto que não há mais nenhuma suposição para ele, ele não é perturbado pela luxúria nem agitado pela repulsa. Para ele, não há nada sustentado como ‘o mais elevado’.”
Quando o homem já não mais depende do que vê e do que ouve e passa a confiar integralmentee exclusivamente em em sua intuição, suas novas opiniões já não mais se modificarão, nada o impelirá a mudar.
Ele não estabelece leis, nem faz regras, como também não se apresenta como modelo de algum ideal, pois é completamente desapegado de tudo. Ele não se apega mais a coisa alguma do mundo. O bramane liberto transcendeu as paixões e não se deixa mais afetar por elas. Para ele, não há mais norma, nem lei, nem coisa alguma existe que ele possa chamra de norma, e nada ainda que possa chamar de lei.
- Isso se refere à antiga crença em “Visões auspiciosas” (dittha-mangala), a crença de que, simplesmente contemplando algo ou alguém considerado um objeto ou pessoa sagrada, a pureza, ou qualquer outra coisa desejada, pode ser alcançada, tal como pedras, cristais, amuletos. ↩︎