Ajahn Jayasāro
Os monges budistas renunciam a toda e qualquer atividade política quando abandonam o mundo. Se os monges se envolvessem na política, tal teria efeitos nefastos na sua paz mental, seria uma causa desnecessária e mundana de conflito no interior das comunidades monásticas, e colocaria em risco o único papel do Sangha na sociedade. Na política muitas artimanhas de enganar podem ser usadas e isso fere os preceitos que devem ser seguidos, e também pelo código monástico (Vinaya Pitaka).
O Buda queria que a ordem monástica se mantivesse distante dos assuntos políticos de forma a manter o seu papel de refúgio para os budistas de qualquer convicção política. Um Sangha apartidário pode fornecer uma presença de ligação e de conciliação na sociedade, e este é um papel que tem sido bem desempenhado na Tailândia ao longo dos séculos. Se o Sangha (grupo de seguidores, sejam leigos ou monásticos), no seu todo, se identificasse com algum partido político ou programa em especial, os budistas leigos que estivessem na oposição desses partido sentir-se-iam alienados do mosteiro, e potencialmente da própria religião budista em si mesma o estaria também.
Se um Sangha politicamente ativo apoiasse o lado perdedor numa luta política poderia ser perseguido, trazendo sérias consequências à sobrevivência a longa prazo do corpo monástico. Ainda que muitos países tenham o budismo como sua religião principal, os seguidores locais em geral não se envolvem nas questões políticas.
Dos monásticos budistas, espera-se orientação moral e espiritual a oferecer à sociedade. Se os programas políticos entram em conflito com os princípios budistas é legítimo que os monásticos falem da importância de se preservarem esses princípios, sem se referirem a partidos políticos ou a indivíduos pelo seu nome.
Portanto, monges e monjas devem pregar apenas o Dhamma que possa estar relacionado à política, em vez de comentar diretamente sobre partidos e candidatos políticos. Pelo fato de um monge budista conversar com simpatizantes de um partido de direita ou esquerda, não significa que ele apóia ou prestigia este ou aquele partido. Seu trabalho é orientar e levar os ensinamentos (Dhamma) no caminho da salvação a qualquer pessoa independente se sua predileção política, e assim não se imiscuindo de forma alguma na política.