Ajahn Jayasāro (08-April-2025)
Nocicepção X Dor: Entendendo a Diferença
Ontem, aprendi uma palavra nova: nocicepção. O que é Nocicepção? A nocicepção é o processo neural de detectar e responder a estímulos nocivos — térmicos, mecânicos ou químicos — que ameaçam causar danos aos tecidos. É o sistema de alerta do nosso corpo, permitindo-nos sentir e evitar perigos.
Fundamentalmente, nocicepção não é dor. Essa distinção é amplamente aceita atualmente (veja a definição da Associação Internacional para o Estudo da Dor [IASP][1]).
O que Transforma a Nocicepção em Dor?
A dor não é apenas uma resposta física; ela é moldada por múltiplos fatores:
1. Influências Emocionais
Emoções negativas (ansiedade, depressão, medo, frustração) amplificam a percepção da dor. Elas também desencadeiam respostas fisiológicas (por exemplo, liberação de adrenalina e cortisol), agravando o desconforto e criando um ciclo vicioso.
2. Fatores Cognitivos
• Catastrofização da dor: Concentrar-se obsessivamente na dor aumenta sua gravidade percebida.
• Crenças de desamparo: Expectativas negativas (por exemplo, “Isso nunca vai melhorar”) podem dificultar a recuperação, desencorajando os tratamentos necessários.
3. Contexto Social e Cultural
• Isolamento: Esconder a dor dos outros pode intensificar a solidão, piorando a sensação de dor.
• Falta de apoio: Não ter amigos ou comunidade agrava o sofrimento.
Agora a Boa Notícia: Dor ≠ Sofrimento
Embora as causas fisiológicas da dor possam ser difíceis de eliminar, podemos reduzir ou até mesmo remover seus fardos emocionais e cognitivos. Ao mudar a forma como nos relacionamos com a dor e com o nosso ambiente, a dor sem sofrimento é uma meta alcançável.
divulgado em 8-Abril de 2.025
[1] Uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a, ou semelhante àquela associada a, dano tecidual real ou potencial. Seis notas-chave e sua etimologia:
• A dor é sempre uma experiência pessoal, influenciada em graus variados por fatores biológicos, psicológicos e sociais.
• Dor e nocicepção são fenômenos distintos. A dor não pode ser inferida apenas a partir da atividade dos neurônios sensoriais.
• Por meio de suas experiências de vida, os indivíduos aprendem o conceito de dor.
• O relato de uma pessoa sobre uma experiência como dor deve ser respeitado.
• Embora a dor geralmente desempenhe um papel adaptativo, ela pode ter efeitos adversos na função e no bem-estar social e psicológico.
• A descrição verbal é apenas um dos vários comportamentos para expressar dor; a incapacidade de comunicação não nega a possibilidade de um ser humano ou um animal não humano sentir dor.
Etimologia: Inglês médio, do anglo-francês peine (dor, sofrimento), do latim poena (penalidade, punição), por sua vez, do grego poine (pagamento, penalidade, recompensa).
Uma mudança fundamental na nova definição, em comparação com a versão de 1979, é a substituição da terminologia que se baseava na capacidade da pessoa de descrever a experiência para qualificá-la como dor. A definição anterior dizia: “Uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a dano tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de tal dano”. Essa formulação foi interpretada sendo excluidos bebês, idosos e outros – até mesmo animais – que não conseguiam articular verbalmente sua dor, disse o Dr. Jeffrey Mogil.