Ajahn Jayasaro
Sobre a Natureza do Apego e o Sofrimento
Como seres humanos, temos uma tendência natural a nos apegar a conceitos como “eu” e “meu”. Esse apego é a raiz do sofrimento. Nosso grande desafio é que quase tudo o que vivenciamos pode ser apropriado pela mente como “EU”, “Meu EU” ou “Meu”. A vida, por si só, é repleta de dificuldades, mas certos hábitos mentais as intensificam, enquanto outros podem aliviá-las — ou até mesmo dissolvê-las por completo.
O Senhor Buda ensinou:
“Quando alguém se detém na contemplação das gratificações presentes nos objetos de apego, o desejo cresce. Do desejo surge o apego… e assim se origina toda essa massa de sofrimento.”
Ele ilustrou isto com uma metáfora:
“Se as raízes de uma grande árvore, profundas e ramificadas, continuarem a absorver nutrientes, a árvore permanecerá viva e vigorosa por muito tempo.”
Porém, há um caminho para a Libertação:
“Ao contemplar a natureza insatisfatória inerente a tudo aquilo a que nos apegamos, o desejo se extingue. Com o fim do desejo, cessa o apego… e assim toda essa massa de sofrimento se dissolve.”
E complementou com outra imagem poderosa:
“Suponha que alguém arrancasse uma grande árvore pela raiz, removendo até as fibras mais finas, a cortasse em pedaços, os desfizesse em lascas e as secasse ao vento e ao sol. Depois, queimasse tudo até virar cinzas e as espalhasse no rio ou ao vento. Dessa forma, a árvore seria erradicada por completo, sem possibilidade de renascer.” — Resumo adaptado do SN 12:55
Nota sobre terminologia:
A palavra attach (do inglês), frequentemente traduzida como “apego ou agarrar” no contexto budista, pode assumir diferentes significados em português. Optamos por variações que preservam o sentido original sem perder a clareza.