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Guardiães do Mundo

Posted on 18/02/202518/02/2025 by Edmir Ribeiro Terra

Ajahn Jayasāro – Editor

O ensinamento do Buda, em sua essência, é uma doutrina de liberação que nos fornece as ferramentas para cortar os grilhões que nos mantêm presos a este mundo de sofrimento, o ciclo de renascimentos repetidos. Embora a busca pela liberação através da prática do Dhamma dependa do esforço individual, essa busca necessariamente ocorre dentro de um ambiente social e, portanto, está sujeita a todas as influências, benéficas ou prejudiciais, impostas por esse ambiente.

O treinamento budista se desdobra em três estágios: moralidade, concentração e sabedoria, cada um sendo a base para o outro: a conduta moral purificada facilita o alcance da concentração purificada, e a mente concentrada facilita o alcance da sabedoria libertadora. Assim, a base de todo o treinamento budista é a conduta purificada, e a adesão firme ao código de regras de treinamento que se assumiu — os Cinco Preceitos, no caso de um budista leigo — é o meio necessário para salvaguardar a pureza da própria conduta. Vivendo como vivemos em uma era em que somos provocados por todos os canais disponíveis a desviar das normas de retidão, e quando a agitação social, as dificuldades econômicas e os conflitos políticos alimentam ainda mais emoções voláteis, a necessidade de proteção extra torna-se especialmente imperativa: proteção para si mesmo, proteção para o mundo.

“Hīri” significa vergonha em relação às ações do corpo, da fala e da mente impulsionadas por impurezas. Quanto mais você reflete sobre o Dhamma, mais firme se torna sua compreensão das Quatro Nobres Verdades, e mais forte o hīri se torna. Idealmente, o hīri traz a mente de volta do que é prejudicial, mas se uma ação prejudicial já foi realizada, o hīri é o sentimento que acompanha o reconhecimento do que ocorreu. Ele é acompanhado por “ottappa”, um medo inteligente das consequências das ações prejudiciais. Em resumo, podemos dizer que, em relação ao que é prejudicial, hīri-ottappa é como a Visão Correta se sente.

A vergonha não deve ser confundida com culpa. A culpa é um sentimento que surge na presença da Visão Errada. Ela assume uma entidade permanente e independente, um “EU” que é ruim. A culpa leva a mente a cair na armadilha de pensar que se sentir mal consigo mesmo é honesto, nobre e sincero; que sentir culpa é uma indicação de que se está assumindo a responsabilidade pelas próprias ações.

A vergonha não é esse tipo de beco sem saída de “eu sou ruim”. A vergonha leva ao esforço de identificar as causas e condições das ações prejudiciais do corpo, da fala e da mente, e a trabalhar duro para eliminá-las. (Ajahn Jayasāro)

O ensinamento do Buda, em sua essência, é uma doutrina de liberação que nos fornece as ferramentas para cortar os grilhões que nos mantêm presos a este mundo de sofrimento, o ciclo de renascimentos repetidos. Embora a busca pela liberação através da prática do Dhamma dependa do esforço individual, essa busca necessariamente ocorre dentro de um ambiente social e, portanto, está sujeita a todas as influências, benéficas ou prejudiciais, impostas por esse ambiente.

O Buda aponta duas qualidades mentais como as salvaguardas subjacentes da moralidade e, portanto, como protetoras tanto do indivíduo quanto da sociedade como um todo. Essas duas qualidades são chamadas em língua Pāli de hīri e ottappa. Hīri é um senso inato de vergonha diante da transgressão moral; ottappa é o temor moral, o medo dos resultados de ações erradas. O Buda chama esses dois estados de “guardiões brilhantes do mundo” (sukka lokapala). Ele lhes dá essa designação porque, enquanto esses dois estados prevalecerem nos corações das pessoas, os padrões morais do mundo permanecem intactos, enquanto, quando sua influência diminui, o mundo humano cai em uma promiscuidade e violência descaradas, tornando-se quase indistinguível do reino animal (Itivuttaka, 42).

O projeto de auto cultivo, que o Buda proclama como o meio para a liberação do sofrimento, exige que mantenhamos uma vigilância crítica sobre os movimentos de nossas Mentes, tanto nas ocasiões em que eles motivam ações corporais e verbais quanto quando permanecem internamente absorvidos com suas próprias preocupações. Exercer tal autoexame é um aspecto da diligência (appamāda), que o Buda afirma ser o caminho para o Imortal. Na prática do autoexame, o senso de vergonha e o temor de fazer o mal desempenham um papel crucial.

O senso de vergonha nos impulsiona a superar estados mentais prejudiciais porque reconhecemos que tais estados são manchas em nosso caráter. Eles diminuem a grandeza interior do caráter a ser moldado pela prática do Dhamma, a estatura dos Ariyās ou nobres, que brilham resplandecentes como flores de lótus sobre o lago do mundo. O temor de fazer o mal nos leva a recuar de pensamentos e ações moralmente arriscados porque reconhecemos que tais atos são sementes com a potência de gerar frutos, frutos que inevitavelmente serão amargos. O Buda afirma que todo mal que surge brota da falta de vergonha e temor do erro, enquanto todas as ações virtuosas brotam do senso de vergonha e temor do erro.

Ao cultivarmos dentro de nós as qualidades da vergonha moral e do temor de fazer o mal, não apenas aceleramos nosso próprio progresso ao longo do caminho para a libertação, mas também contribuímos com nossa parte para a proteção do mundo. Dadas as intrincadas interconexões que existem entre todas as formas de vida, fazer do senso de vergonha e do temor do erro os guardiões de nossas próprias mentes é nos tornarmos guardiões do mundo. Como raízes da moralidade, essas duas qualidades sustentam toda a eficácia do caminho libertador do Buda; como salvaguardas da decência pessoal, elas também preservam a dignidade da raça humana.

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