Michael Beisert / Ajahn Chah (+1.918 – *1.992)
Em Savatthi. “Bhikkhus, eu ensinarei para vocês a origem e a cessação do sofrimento. Ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim, venerável senhor,” os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:
‘E o que, bhikkhus, é a origem do sofrimento? Na dependência do olho e das formas, a consciência no olho surge. O encontro dos três é o contato. Com o contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação como condição, o desejo. Essa é a origem do sofrimento.
“Na dependência do ouvido e dos sons … na dependência do nariz e dos aromas … na dependência da língua e dos sabores … na dependência do corpo e dos tangíveis …. na dependência da mente e dos objetos mentais, a consciência na mente surge. O encontro dos três é o contato. Com o contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação como condição, o desejo. Essa é a origem do sofrimento.
‘E o que, bhikkhus, é a cessação do sofrimento? Na dependência do olho e das formas, a consciência no olho surge. O encontro dos três é o contato. Com o contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação como condição, o desejo. Mas com o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios desse mesmo desejo, cessa o apego; com a cessação do apego, cessa o ser/existir; com a cessação do ser/existir, cessa o nascimento; com a cessação do nascimento, envelhecimento e morte, lamentação, dor, angústia e desespero, tudo cessa. Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento. Essa é a cessação do sofrimento.
“Na dependência do ouvido e dos sons … na dependência do nariz e dos aromas … na dependência da língua e dos sabores … na dependência do corpo e dos tangíveis …. na dependência da mente e dos objetos mentais, a consciência na mente surge. O encontro dos três é o contato. Com o contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação como condição, o desejo. Mas com o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios desse mesmo desejo, cessa do apego; com a cessação do apego, a cessação do ser/existir; com a cessação do ser/existir, a cessação do nascimento; com a cessação do nascimento, envelhecimento e morte, lamentação, dor, angústia e desespero, tudo cessa. Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento. Essa é a cessação do sofrimento.”
Quando surge um sentimento, não devemos o considerar como sendo algo substancial. Isto é o que chamamos de separar a mente da sensação. Se formos inteligentes, não nos apegamos, deixamos as coisas como estão. Nos tornamos assim “aquele que sabe”. A mente e a sensação são como óleo e água; eles estão na mesma garrafa, mas eles não se misturam. Mesmo que estejamos doentes ou com dor, ainda conhecemos a sensação como sensação, e a mente como mente. Conhecemos os estados dolorosos ou prazerosos, mas não nos identificamos com eles. Ficamos apenas com a paz: a paz que reside além do prazer e da dor.
Samyutta Nikaya XII.43 (Dhukkha Sutta)