Ajahn CHAH (1.918 – 1.992)
Em certa ocasião, o Abençoado estava em Vesali na Grande Floresta no Salão com um pico na cumeeira. Então, Nandaka, o ministro dos Licchavis, foi até o Abençoado e depois de cumprimentá-lo sentou a um lado e o Abençoado lhe disse:
“Nandaka, um nobre discípulo, que possui quatro coisas, entrou na correnteza, não mais destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo, ele tem a iluminação como destino.
Quais são as quatro? Aqui, Nandaka, o nobre discípulo possui perfeita claridade, serenidade e confiança no Buda assim: ‘O Abençoado é … mestre de devas e humanos, iluminado, sublime.’ Ele possui perfeita claridade, serenidade e confiança no Dhamma … na Sangha … Ele possui as virtudes apreciadas pelos nobres – intactas … que conduzem à concentração. Um nobre discípulo, que possui essas quatro coisas, entrou na correnteza (caminho para Nibbana), não mais destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo, ele tem a iluminação como destino.
“Além disso, Nandaka, um nobre discípulo que possua essas quatro coisas é favorecido com uma vida longa, quer seja celestial ou humana; ele é favorecido com a beleza, quer seja celestial ou humana; ele é favorecido com a felicidade, quer seja celestial ou humana; ele é favorecido com a fama, quer seja celestial ou humana; ele é favorecido com a soberania, quer seja celestial ou humana. Agora eu digo isso, Nandaka, não por ter ouvido isso de algum outro contemplativo ou brâmane; na verdade, eu apenas digo aquilo que sei, vi e compreendi por mim mesmo.”
Quando isso foi dito, um homem disse para Nandaka, o ministro dos Licchavis: “É hora do seu banho, senhor.”
“Já basta agora, eu digo, com esse banho externo. Este banho interno é suficiente, isto é, a perfeita claridade, serenidade e confiança no Abençoado.”
Se você ainda tem felicidade e ainda tem sofrimento, você é alguém que ainda não está pleno. É como se você estivesse comendo um pedaço do seu bolo favorito, mas antes de terminar de comê-lo, ele cai da sua mão. Você lamenta a perda, não é? Quando você sente a perda, você sofre, não é? Portanto, você precisa jogar fora a felicidade e o sofrimento. Eles são apenas comida para aqueles que ainda não estão satisfeitos. Na verdade, felicidade é sofrimento disfarçado, mas de uma forma tão sutil que você não percebe. Se você se apega à felicidade, é o mesmo que se apegar ao sofrimento, mas você não percebe isso. Por isso tenha cuidado! Quando a felicidade surgir, não se alegre tanto, não se empolgue. Quando o sofrimento vier, não se desespere, não se perca nele. Veja que felicidade e sofrimento têm o mesmo valor.
Samyutta Nikaya LV.30 – Nandakalicchavi Sutta