Venerável Au Sok
A vida humana é uma estranha mistura de alegria e tristeza. A principal causa dessa alegria e tristeza reside em nossos próprios pensamentos, conduta e tendências mentais. O Abençoado dividiu a humanidade em duas classes: os não instruídos (ignorantes) e os sábios (dotados de paññā). Seus modos de vida, disposições e os frutos de suas ações são de natureza completamente diferente.
A mente dos ignorantes está sempre contaminada. Eles se deleitam em insultar, humilhar ou causar sofrimento aos outros. Falar grosseiramente, criar inimizade, enganar, usar de força bruta e causar danos — tudo isso parece ser sua própria natureza. Por um tempo, eles podem andar orgulhosamente em sociedade, mas o fruto oculto disso é terrível. Após a morte, enredados nos resultados dolorosos de más ações, eles caem nos estados lamentáveis do inferno e sofrem sem medida.
Assim está escrito no Dhammapada:
“Apunnakiriyāyānando, andho pāpakiriyāya ramati;
Dukkhasamāgamaṃ na passati, dukkhaṃ tassa anubandhati.” (Dhammapada verso 118)
Isto significa: O tolo se deleita com más ações, sem ver a chegada do sofrimento; mas a tristeza o segue como a sombra segue a forma.
Por outro lado, a Mente do sábio é sempre calma e pura. O sábio não nutre má vontade em relação a ninguém. Ele se alegra com o bem-estar dos outros, estendendo compaixão e bondade amorosa igualmente a todos os seres. Sejam inimigos ou amigos, nenhum ódio surge em seus corações. Assim, ele acumula méritos benéficos, que trazem paz nesta vida e bem-estar na vida futura.
No Karuṇā-Mettā Sutta, o Abençoado exortou: “Que todos os seres sejam felizes; não faça distinção entre inimigos e amigos; desenvolva mettā em relação a eles com um coração imparcial.”
Nisto reside a grandeza dos sábios: amando os outros, eles se estabelecem no caminho do bem-estar. O Abençoado declarou: “Aquele que permanece no Dhamma, o Dhamma o protege.”
Aquele que se estabelece na conduta correta nunca cai nos quatro estados lamentáveis — plano do inferno, nascimento animal, reino dos fantasmas famintos ou domínio asura (anjos briguentos). Sua vida é repleta de paz, felicidade e honra. Após a morte, ele se liberta dos destinos malignos e renasce em um estado de bem-aventurança, mesmo entre os devas (seres espirituais do bem). Acima de tudo, a prática do Dhamma o conduz à Meta Suprema — Nibbāna.
O Dhamma protege o Dhammacārī. Aquele que se estabelece na retidão desfruta de paz aqui, felicidade no além e prossegue em direção à libertação final.
A verdadeira força não reside em causar dor aos outros, mas em trazer felicidade aos outros. Os ignorantes, ao prejudicar os outros, acabam por causar a sua própria ruína. Os sábios, buscando o bem-estar de todos, tornam as suas vidas radiantes e abençoadas.
Portanto, mostre compaixão igualmente aos inimigos e aos amigos. Não deseje mal a ninguém. Permaneça firme no verdadeiro Dhamma — pois o Dhamma será a sua salvaguarda. O Dhammacārī é pacífico nesta vida, feliz na vida vindoura. Esta verdade eterna é a mais alta realização da existência humana.

