Ajahn Suchart Abhijato
Conselhos para a Prática budista
Moderação no Comer
Muitos professores recomendam que, ao sentir-se satisfeito durante uma refeição, pare de comer e beba água até completar a saciedade. Isso evita sonolência na prática da Meditação. Porém, se continuar a comer — especialmente sobremesas —, ficará pesado e prejudicará sua prática.
Coragem e Disciplina
Como praticante, você deve ter a coragem de sacrificar o conforto obtido através de comida e sono. Muitos dos seus obstáculos surgem justamente desses hábitos. Para progredir, é útil viver em condições simples, como em mosteiros da tradição florestal, onde a disciplina é rigorosa. No entanto, isso exige determinação. Se não estiver preparado, o ambiente pode gerar ansiedade e pensamentos negativos, como: “Por que estou fazendo isso?”.
O Perigo das Kilesās (Corrupções Mentais)
As kilesās podem distorcer seus pensamentos e levá-lo a agir de forma prejudicial. Ter um professor respeitável é crucial, pois seu respeito por ele o impedirá de agir sob influência das kilesās. Sem essa referência, você pode até transformar coisas boas em ruins.
A Importância do Professor e dos Bons Amigos
Um bom professor guia e encoraja a quem se esforça.
Bons amigos (kalyāṇa-mittatā) apoiam sua prática, incentivando mérito e visitas ao templo. Porém, na meditação, você deve praticar sozinho. Assim como músicos de uma banda seguem carreiras individuais após o sucesso, sua jornada espiritual é pessoal.
Equilíbrio entre Dāna (Generosidade) e Meditação
Se você sabe meditar corretamente, não desperdiçará tempo excessivo com atividades meritórias externas (como doações) em detrimento da prática meditativa. Por exemplo, hoje vocês passaram horas viajando para gerar dāna e ouvir o Dhamma, mas mal tiveram tempo para Meditar.
Não se Apegue à Forma Física do Professor.
Com os recursos atuais (gravações, livros), não é necessário ver o professor frequentemente. A essência dele está no Dhamma que ensina, não em sua aparência. Apegar-se à forma física — como correr para tirar fotos dele — é um engano. O Buda mesmo proibiu representações de sua imagem e disse: “Quem vê o Dhamma, me vê.”
parte do livro: Contra as Contaminações (Against to Defilement), de Ajahn Suchart Abhijato
Vivendo como Leigo: Desafios e Oportunidades na Prática
Viver como leigo traz consigo obrigações sociais que, por vezes, podem se tornar obstáculos à prática espiritual. No entanto, é essencial encontrar maneiras de se afastar temporariamente dessas responsabilidades. Uma possibilidade é realizar retiros em monastérios (mosteiros) durante finais de semana ou feriados.
A prática espiritual exige paciência e determinação. Não se trata de mergulhar de cabeça de forma impulsiva, mas de dar um passo de cada vez, cultivando coragem para enfrentar o que for necessário — mesmo quando desagradável ou difícil. Se você reconhece que este é o caminho a seguir, não espere por uma “oportunidade perfeita”, pois ela já está aqui, assim como os bons mestres.
A Tailândia, como país budista, oferece um ambiente propício para a prática do Budismo. As pessoas cultivam mérito (puñña) por meio da generosidade (dāna), da observância dos preceitos (sīla) e da meditação (bhāvanā). Nada impede verdadeiramente a prática — a escolha está em suas mãos.
Se você continuar vivendo como sempre fez, apenas manterá o mérito acumulado no passado, sem progresso. Se antes observava os cinco preceitos, permanecerá nesse patamar; se praticava a doação em certa medida, não irá além disso. O crescimento espiritual exige esforço consciente para elevar seu próprio nível.