Ajahn Chah
“Não se apegue a absolutamente nada. Solte…
“Sustente a meditação, mesmo que você se sinta cansado e exausta. Deixe que a sua mente permaneça com a respiração. Respire fundo algumas vezes e depois fixe a mente na respiração. Faça disso uma prática rotineira. Quanto mais exausta você estiver, mais sutil e focalizada deve ser a sua concentração, assim você poderá suportar as sensações dolorosas que surgem. Quando você começar a se sentir cansada, faça com que todo o seu pensamento pare, que a mente se recupere e se volte para conhecer a respiração. Solte tudo que é externo.
Não se apegue a pensamentos acerca dos seus filhos e parentes, não se apegue a absolutamente nada. Solte. Deixe que a mente se unifique em um só ponto e permita que essa mente acalmada permaneça com a respiração. Faça com que a respiração seja o seu único objeto de interesse. Concentre até que a mente se torne cada vez mais sutil, até que as sensações sejam insignificantes e que haja uma grande clareza e vivacidade interiores.
Então quando surgirem sensações dolorosas elas irão gradualmente ceder por si mesmas. Finalmente, você irá olhar para a respiração como se fosse um parente que a tivesse vindo visitar. Quando um parente vai embora, nós o acompanhamos até a porta. Esperamos até que já não o possamos ver mais e então voltamos para dentro. Observamos a respiração da mesma forma. Se a respiração é grosseira, nós sabemos que ela é grosseira. Se ela é sutil, sabemos que é sutil.
À medida que ela vai se tornando cada vez mais discreta nós a acompanhamos, simultaneamente despertando a mente. Eventualmente a respiração desaparece por completo e tudo o que resta é a sensação de estar alerta. A isto se denomina encontrar o Buda. Temos aquele entendimento cristalino que é chamado de “Buddho”, aquele que sabe, aquele que está desperto, aquele que irradia. É encontrar e permanecer com o Buda, com conhecimento e clareza.
Pois foi somente o Buda histórico de carne e osso que realizou o Parinibbana; o verdadeiro Buda, o Buda que é o conhecimento claro e luminoso, nós podemos experimentar e realizar mesmo hoje e quando assim fizermos, o coração é um só. Portanto, solte, DESAPEGUE, deixe tudo de lado, tudo exceto o conhecimento. Não se iluda se visões ou sons surgirem na sua mente durante a meditação. Deixe-os de lado. Não se apegue a absolutamente nada.
Permaneça apenas com essa atenção não-dual (Um EU e a Mente). Não se preocupe com o passado ou o futuro, fique tranquila e você irá alcançar o lugar onde não existe progresso, nem um recuo e nem parada, onde não existe nada para se agarrar ou para se Apegar. Por quê? Porque não existe “EU”, “Meu-EU” ou “Meu”. Tudo se foi. O Buda nos ensinou a que fiquemos vazios desse modo, a não carregar nada conosco. Conhecendo e tendo conhecido, desapegue e solte também..”- Ajahn Chah