Suman Jyoty Banthe
Compaixão (Karuna)
O mundo sofre. Mas a maioria dos homens tem os olhos e os ouvidos fechados. Não veem o fluxo ininterrupto de lágrimas fluindo pela vida; não ouvem o grito de angústia que continuamente permeia o mundo. Sua própria pequena tristeza ou alegria bloqueia sua visão, ensurdece seus ouvidos. Presos pelo egoísmo, seus corações se tornam rígidos e estreitos. Sendo rígidos e estreitos, como poderiam lutar por qualquer objetivo mais elevado, para perceber que somente a libertação do desejo egoísta efetuará sua própria libertação do sofrimento?
É a compaixão que remove a pesada barreira, abre a porta para a liberdade, torna o coração estreito tão amplo quanto o mundo. A compaixão remove do coração o peso inerte, o peso paralisante; ela dá asas àqueles que se apegam às profundezas do EU.
Por meio da compaixão, o fato do sofrimento permanece vividamente presente em nossa Mente, mesmo nos momentos em que estamos pessoalmente livres dele. Ela nos dá a rica experiência do sofrimento, fortalecendo-nos assim para enfrentá-lo preparados, quando ele nos sobrevier.
A compaixão nos reconcilia com o nosso próprio destino, mostrando-nos a vida dos outros, muitas vezes muito mais difícil que a nossa. Contempla a caravana interminável de seres, homens e animais, sobrecarregados de tristeza e dor! O fardo de cada um deles, nós também carregamos em tempos passados, durante a sequência insondável de nascimentos repetidos. Contemple isso e abra seu coração à compaixão!
E essa miséria pode muito bem ser o nosso próprio destino novamente! Aquele que não tem compaixão agora, um dia chorará por ela. Se faltar compaixão pelos outros, ela terá que ser adquirida por meio da própria experiência, longa e dolorosa. Esta é a grande lei da vida. Sabendo disso, guarde-se!
Seres, mergulhados na ignorância, perdidos na delusão, apressam-se de um estado de sofrimento para outro, sem conhecer a causa real, sem saber como escapar dela. Essa compreensão da lei geral do sofrimento é o verdadeiro fundamento da nossa compaixão, não qualquer fato isolado do sofrimento.
Portanto, nossa compaixão também incluirá aqueles que, no momento, podem estar felizes, mas agem com uma mente má e iludida. Em suas ações presentes, preveremos seu futuro estado de angústia, e a compaixão surgirá.
A compaixão do sábio não o torna vítima do sofrimento. Seus pensamentos, palavras e ações são cheios de piedade. Mas seu coração não vacila; inalterado, permanece sereno e calmo. De que outra forma ele poderia ajudar? Que tal compaixão surja em nossos corações! Compaixão que é sublime nobreza de coração e intelecto que sabe, compreende e está pronto para ajudar. Compaixão que é força e dá força: esta é a mais alta compaixão.
E qual é a mais alta manifestação de compaixão? Mostrar ao mundo o caminho que leva ao fim do sofrimento, o caminho apontado, trilhado e realizado com perfeição por Ele, o Exaltado, o Buda.