Barbara O’Brien (Learn to religions – article)
A Prática Budista (artigo traduzido)
Existem duas partes para um budista praticante: primeiro, significa que você concorda com certas ideias ou princípios básicos que estão no cerne do que o Buda ensinou. Em segundo lugar, significa que você se envolve regular e sistematicamente em uma ou mais atividades de uma forma que seja familiar aos seguidores do Budismo. Isso pode variar desde viver uma vida devotada em um mosteiro budista até praticar uma simples sessão de meditação de 20 minutos uma vez por dia. Na verdade, existem muitas, muitas maneiras de praticar o Budismo – é uma prática religiosa acolhedora que permite uma grande diversidade de pensamentos e ações entre os seus seguidores.
Fundamentos Budistas Básicos
Existem muitos ramos do Budismo que se concentram em diferentes aspectos dos ensinamentos do Buda, mas todos estão unidos na aceitação das Quatro Nobres Verdades do Budismo.
As Quatro Nobres Verdades
A existência humana comum está repleta de sofrimento. Para os budistas, a existência de um “sofrimento” (dukkha) não se refere necessariamente somente à agonia física ou mental, mas sim ao sentimento generalizado de estar insatisfeito com o mundo e com o lugar que ocupamos nele, e um desejo interminável por algo diferente do que se tem atualmente.
A causa desse sofrimento é a cobiça ou o desejo (querer). O Buda viu que o cerne de toda insatisfação era a esperança e o desejo de possuir mais do que temos. O desejo por outra coisa é o que nos impede de experimentar a alegria inerente a cada momento.
É possível acabar com esse sofrimento (dukkha) e essa insatisfação. A maioria das pessoas já passou por momentos em que esta insatisfação cessa, e esta experiência diz-nos que a insatisfação generalizada e o desejo por mais podem ser superados. O budismo é, portanto, uma prática muito esperançosa e otimista.
Existe um caminho para acabar com essa insatisfação (sofrimento). Grande parte da prática budista envolve o estudo e a repetição de atividades tangíveis que podem ser seguidas para acabar com a insatisfação e o sofrimento que compõem a vida humana. Grande parte da vida do Buda foi dedicada a explicar os vários métodos para Despertar desta insatisfação e do desejo (querer).
O caminho para o fim da insatisfação constitui o cerne da prática budista, e as técnicas dessa prescrição estão contidas no NOBRE CAMINHO ÓCTUPLO.
O NOBRE CAMINHO ÓCTUPLO
Visão Correta, Compreensão Correta. Os budistas acreditam no cultivo de uma visão do mundo como ele realmente é, e não como imaginamos ou queremos que ele seja. Os budistas acreditam que a forma normal como vemos e interpretamos o mundo não é a forma correta e que a libertação ocorre quando vemos as coisas e esse mundo com clareza.
Intenção Correta. Os budistas acreditam que se deve ter o objetivo de ver a verdade e agir de maneira que não seja prejudicial a todos os seres vivos. Erros são esperados, mas ter a intenção correta acabará por nos Libertar.
Discurso Correto. Os budistas decidem falar com cuidado, de uma forma não prejudicial, expressando ideias que sejam claras, verdadeiras e edificantes, e evitando aquelas falas que são prejudiciais para si e também para os outros.
Ação correta. Os budistas tentam viver a partir de uma base moral ética (Sila em língua Pāli) baseada em princípios de não exploração dos outros. A ação correta inclui cinco preceitos fundamentais: não matar, não pegar o que não lhe pertence, não dizer mentiras, não ter má conduta sexual e abster-se de ingerir drogas intoxicantes (ou qualquer substância que altere seu comportamento).
Meio de subsistência correto. Os budistas acreditam que o trabalho que escolhemos para nós mesmos deve basear-se em princípios éticos de não exploração dos outros e que obedeça os princípios acima listados. O trabalho que fazemos deve basear-se no respeito por todos os seres vivos e deve ser um trabalho que possamos sentir orgulho de realizar.
Esforço Correto ou Diligência. Os budistas se esforçam para cultivar o entusiasmo e uma atitude positiva em relação à vida e aos outros. O esforço adequado para os budistas significa um “caminho intermediário” (conhecido como Caminho do Meio) equilibrado, no qual o esforço correto é equilibrado com uma aceitação relaxada.
Atenção Plena correta. Na prática budista, a atenção plena correta é melhor descrita como estar honestamente consciente do momento presente. Pede-nos que estejamos focados, mas não excluamos nada que esteja dentro da nossa experiência, incluindo pensamentos e emoções difíceis. Lidar com estes pensamentos de forma produtiva e focada.
Concentração Correta. Esta parte do NOBRE CAMINHO ÓCTUPLO forma a base da Meditação, que muitas pessoas identificam com o Budismo. O termo em Pāli (linguagem do tempo de Buda), Samādhi, é frequentemente traduzido como Concentração, Meditação, absorção ou concentração no Corpo. Este mesmo termo pode se chamar também de Vipassanā, que é a meditação para treinar a Mente. Para os budistas, o foco da mente, quando preparado pela compreensão e ação adequadas, é a chave para a LIBERTAÇÃO da insatisfação e do sofrimento em geral.
Como “praticar” o budismo
“Prática” geralmente se refere a uma atividade específica, como meditar ou cantar, que se faz todos os dias. Por exemplo, uma pessoa que pratica o budismo japonês Jodo Shu (Budismo Terra Pura) recita o Nembutsu todos os dias. Os budistas das escolas Zen e Theravada praticam bhavana (meditação) todos os dias. Os budistas tibetanos podem praticar uma meditação especializada sem formato definido várias vezes ao dia.
Os budistas da escola THERAVADA sentam-se em um local calmo e adequado, fecham os olhos e escolhem um objeto como foco da meditação, que pode ser um som, a RESPIRAÇÃO, ou mesmo somente focar o momento. Os Theravādins (praticantes desta escola) também meditam caminhando, ficando em pé ou mesmo estando deitados.
Muitos budistas leigos mantêm em casa um altar doméstico. Exatamente o que vai para o altar varia de escola para escola, cada uma delas tem suas recomendações, mas a maioria inclui uma imagem do Buda (quadro ou estátua), flor de lótus, velas, flores, incenso, frutas e uma pequena tigela para oferenda de água. Cuidar do altar e manter sempre atual é um lembrete para cuidar da própria prática.
A prática budista também inclui a prática dos ensinamentos do Buda, em particular, o NOBRE CAMINHO ÓCTUPLO. Os OITO elementos do caminho (veja acima) são organizados em três seções – Sabedoria Pañña), conduta ética (Sila) e disciplina mental (Samādhi/Vipassanā). A prática de meditação faz parte da disciplina mental.
A conduta ética faz parte da prática diária dos budistas. Somos desafiados a ter cuidado com nossas falas, nas nossas ações e na nossa vida quotidiana para não causar danos aos outros e para cultivar a salubridade em nós próprios. Por exemplo, se ficarmos com raiva, tomamos medidas para nos livrarmos da raiva antes de prejudicarmos alguém.
Os budistas são desafiados a praticar a ATENÇÃO PLENA em todos os momentos. Mindfulness é a observação (ou atenção plena) sem julgamento de nossas vidas momento a momento. Ao permanecermos atentos, permanecemos claros para a realidade presente, não nos perdendo em um emaranhado de preocupações, devaneios e paixões.
Os budistas se esforçam para praticar o budismo a todo momento. É claro que todos nós às vezes falhamos. Mas fazer esse esforço de forma constante é o Budismo. Tornar-se budista não é uma questão de aceitar um sistema de crenças ou de memorizar doutrinas. Ser budista é praticar o budismo (ensinamentos deixados por Buda).