Ajahn Lee Dhammadaro
Quando você se senta para Meditar, mesmo que nenhum insight surja, lembre-se do essencial:
- Quando a respiração entra (inspiração), você sabe.
- Quando ela sai (expiração), você sabe.
- Se é longa ou curta, você sabe.
- Se é um respirar confortável ou não, você sabe.
Se consegue perceber isso, está no caminho certo. Quanto aos pensamentos e conceitos (sañña = sentido, percepção) que surgem — sejam bons ou ruins, ligados ao passado ou ao futuro —, não se apegue a eles. Não os deixe perturbar sua prática, nem os persiga para “corrigi-los”.
Apenas deixe-os passar. Mantenha a consciência firme, imóvel, no aqui e agora.
Quando dizemos que a mente vagueia, na verdade não é a mente que se move — são apenas os conceitos (sañña). Eles são como sombras: se o corpo está parado, como a sombra pode se agitar? O movimento do corpo é que faz a sombra dançar. E como segurar uma sombra? Sombras são intangíveis — impossíveis de capturar, de evitar, de silenciar.
A verdadeira Mente é a consciência presente, pura e imutável.
A consciência que persegue conceitos é apenas um reflexo. O “saber” genuíno permanece onde sempre esteve: sem ir, sem vir, sem avançar ou recuar.
Quando a mente está em seu estado natural — serena, equilibrada, livre de sombras —, encontramos paz. Mas se vacila, incerta, os conceitos surgem e se dissipam. E então os perseguimos, tentando dominá-los. Esse é o erro.
Não há nada de errado com sua Mente. Apenas cuidado com as sombras.
Você não pode “melhorar” uma sombra. Por mais que tente lavá-la, ela permanecerá escura — porque é vazia, sem substância. O mesmo vale para os conceitos: são apenas projeções, ilusões que nos enganam.
O Buda ensinou que quem não compreende o EU, o corpo, a mente e suas sombras sofre de avijja — a escuridão da ignorância. Confundir mente com EU, EU com pensamentos, é como estar perdido numa selva: por mais que se procure, não há saída. Mas estar perdido no mundo é pior. Sem clareza, a Mente obscurecida por avijja (ignorância) não encontra luz.

O propósito do treinamento mental é a simplicidade.
Quando simplificamos, a Mente se aquieta. E na quietude, surge naturalmente a luminosidade — o verdadeiro conhecimento.
Se permitimos que a Mente se enrede em visões, sons, cheiros, sabores, tatos e ideias, mergulhamos na escuridão. E na escuridão, nada pode florescer.
Gratidão