Venerable K. Sri Dhammananda Maha Thera
A Atitude do Buda em Relação ao Conhecimento Mundano
O conhecimento mundano nunca poderá ajudar alguém a levar uma vida religiosa pura para alcançar paz e emancipação.
Ele é útil para fins mundanos: com ele, a humanidade aprende a utilizar os recursos da Terra para melhorar o padrão de vida, cultivar alimentos, gerar energia, administrar negócios, curar doenças, construir cidades e criar tecnologias. No entanto, esse mesmo conhecimento pode ser usado para fins nocivos — como fabricar armas de destruição, manipular sistemas financeiros ou alimentar conflitos políticos.
Apesar do avanço acelerado do conhecimento, especialmente no século XX, a humanidade não resolveu seus problemas espirituais nem a insatisfação inerente à condição humana. É improvável que o conhecimento mundano, por si só, traga paz ou felicidade duradoura, pois está fundamentado em premissas que ignoram a natureza do sofrimento.
O Foco do Budismo: Sabedoria e Libertação
Embora o budismo ofereça insights para uma vida mundana equilibrada, seu objetivo principal é a libertação espiritual por meio do desenvolvimento da sabedoria e da disciplina mental. Para a maioria das pessoas, a busca por conhecimento mundano é interminável, mas, em última análise, irrelevante. Enquanto permanecermos ignorantes quanto ao Dhamma, continuaremos presos ao samsara — o ciclo de nascimento, morte e sofrimento.
Como o Buda ensinou:
“Por muito tempo, irmãos, vocês sofreram a morte de uma mãe, de um pai, de filhos, irmãos e irmãs; por muito tempo, perderam bens e foram afligidos por doenças. Ao longo dessa jornada interminável — do nascimento à morte, da morte ao nascimento —, vocês derramaram mais lágrimas do que todas as águas dos quatro grandes oceanos.” (Anguttara Nikaya)
Essas palavras ilustram o sofrimento inerente à existência cíclica. O Buda não se preocupava com questões abstratas — como a eternidade do mundo ou sua finitude —, pois tais especulações não ajudam a superar o sofrimento. Ele rejeitou esses debates como inúteis, concentrando-se apenas no que é essencial: o caminho para a libertação.
O Perigo do Conhecimento sem Sabedoria
O Buda previu que debates infrutíferos e investigações sem propósito prático apenas desperdiçam tempo e energia, desviando a mente do verdadeiro desenvolvimento espiritual.
O conhecimento mundano e a ciência devem ser complementados por valores espirituais. Caso contrário, em vez de promover o bem-estar, eles podem alimentar o egoísmo, a ganância e a destruição. A tecnologia, sem ética, amplifica os piores impulsos humanos, levando a novas formas de exploração e violência.
Por outro lado, quando o conhecimento é guiado pela moralidade e compaixão, pode beneficiar verdadeiramente a humanidade. O desafio, portanto, não é rejeitar o progresso, mas usá-lo com sabedoria — sempre lembrando que a paz duradoura não vem de conquistas externas, mas da libertação interior.

K. Sri Dhammananda (nascido Martin Gamage, 18 de março de 1919 – 31 de agosto de 2006) foi um monge budista e estudioso do Sri Lanka, figura especialmente proeminente do budismo na Malásia. Nascido na vila de Kirinde, em Matara, Sri Lanka, Dhammananda passou a maior parte de sua vida e carreira na Malásia. Foi ordenado monge noviço (samanera) aos 12 anos de idade e recebeu sua ordenação definitiva em 1940.

Após chegar à Malásia em 1952, hoje parte da Malásia, Dhammananda estabeleceu-se como um importante monge budista Theravada na região e foi nomeado Sumo Sacerdote Budista da Malásia. Ele também exerceu influência na comunidade budista de Singapura, que ficava próxima a ele. Em 2000, Dhammanada foi agraciado com o prêmio Aggamaha Saddhammajotikadhaja pelo governo de Mianmar.
Dhammananda faleceu em 31 de agosto de 2006 no Centro Médico Subang Jaya, em Selangor, Malásia. Alega-se que havia sinais auspiciosos, incluindo luzes e auras, ao redor do local do funeral.