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As Lições obtidas da Gratidão

Posted on 17/02/202517/02/2025 by Edmir Ribeiro Terra

Thanissaro Bhikkhu

“Há dois tipos de pessoas difíceis de se encontrar no mundo. Quais são essas duas pessoas? Aquele que é o primeiro a fazer uma gentileza, e aquele que é grato, agradecido por uma gentileza feita.” — Angutara Nikaya (2.118)

Quando diz que pessoas gentis4 e agradecidas são raras, o Buddha não está simplesmente declarando uma dura verdade acerca da raça humana. Ele está aconselhando você a valorizar essas pessoas quando as encontrar e — mais importante — está mostrando como você mesmo pode se tornar uma pessoa rara. Gentileza e gratidão são virtudes que você pode cultivar, mas elas têm de ser cultivadas juntas. Uma precisa da outra para ser genuína — um detalhe que se torna óbvio quando você pensa sobre as três coisas que muito provavelmente fazem a gratidão ser sincera:

1. Você efetivamente se beneficia das ações da outra pessoa.
2. Você acredita nos motivos por trás daquelas ações.
3. Você entende que a outra pessoa teve de sair do próprio caminho para lhe conceder aquele benefício.

Os pontos um e dois são lições que a gratidão ensina à gentileza: se você quiser ser genuinamente gentil, você precisa prover, de fato, algum benefício — ninguém quer receber uma “ajuda” que não ajuda em nada — e você tem de ser benéfico de uma forma que mostre respeito e empatia pelas necessidades da outra pessoa. Ninguém gosta de receber presentes dados com intenções calculadas ou de forma descuidada ou desdenhosa.

Os pontos dois e três são lições que a gentileza ensina à gratidão. Somente quando tem sido gentil para com os outros, você aceitará a ideia de que outras pessoas possam ser gentis para com você. Ao mesmo tempo, se você foi gentil para com os outros, você reconhece o esforço envolvido. Impulsos gentis frequentemente têm de batalhar no coração contra impulsos que não são gentis, de modo que não é sempre fácil ajudar. Às vezes isso envolve um grande sacrifício — um sacrifício possível apenas quando você confia que quem receber sua ajuda fará um bom uso dela. Dessa maneira, quando você está sendo beneficiado por um sacrifício como esse, você percebe que está em débito, que tem a obrigação de pagar de volta a confiança que outra pessoa depositou em você.

Esse é o motivo pelo qual o Buddha sempre fala sobre a gratidão como uma resposta à gentileza, e não a iguala à apreciação em geral. A gratidão é uma modalidade especial de apreciação e inspira uma resposta mais exigente. Essa diferença é mais bem ilustrada por duas passagens nas quais o Buddha utiliza a metáfora do ato de carregar. A primeira passagem diz respeito à apreciação de maneira geral: “Então, o homem, tendo juntado grama, gravetos, galhos e folhas, e tendo-os amarrado para fazer uma jangada, poderia cruzar até a segurança da margem distante dependendo dessa jangada e esforçando-se com suas mãos e pés. Tendo cruzado até a margem distante, ele poderia pensar: ‘Quão útil esta jangada foi para mim! Pois, dependendo desta jangada, com o esforço de minhas mãos e pés, cruzei até a segurança da outra margem. Por que não a suspendo até minha cabeça ou minhas costas, carregando-a comigo por onde eu for?’.

O que vocês acham, monges? Estaria o homem, agindo assim, fazendo o que deve ser feito com uma jangada?” “Não, senhor.” “E como deveria o homem agir para fazer o que deve ser feito com uma jangada? Nesse caso, o homem, tendo cruzado até a margem distante, pensaria: ‘Quão útil esta jangada foi para mim! Pois, dependendo desta jangada, com o esforço de minhas mãos e pés, cruzei até a segurança da outra margem. Por que não a arrasto até a terra seca ou deixo-a afundar na água e, assim, sigo para onde eu quiser? Agindo dessa maneira ele faria o que deve ser feito com uma jangada.” — Majjhima Nikaya 22 A segunda passagem diz respeito à gratidão em particular: “Eu digo a vocês, monges: há duas pessoas a quem não é fácil retribuir. Quais duas? Sua mãe e seu pai. Mesmo que você carregasse sua mãe em um ombro e seu pai em outro ombro por cem anos, e cuidasse deles ungindo-os [com bálsamos], massageando-os, banhando-os, esfregando seus membros, e mesmo que ali [em cima de seus ombros] eles defecassem e urinassem, ainda assim você não pagaria ou retribuiria a seus pais. Mesmo que você entronasse sua mãe e seu pai como soberanos absolutos deste grande mundo, abundante em sete tesouros, ainda assim você não pagaria ou retribuiria a seus pais.

Por quê? Mãe e pai fazem muito por seus filhos. Eles tomam conta de seus filhos, bem como os alimentam e trazem ao mundo. “Mas qualquer um que estimule sua mãe e pai descrentes, firmando-lhes e estabelecendo-lhes a convicção; que estimule sua mãe e pai imorais, firmando-lhes e estabelecendo-lhes a virtude; que estimule sua mãe e pai avarentos, firmando-lhes e estabelecendo-lhes a generosidade; que estimule sua mãe e pai tolos, firmando-lhes e estabelecendo-lhes o discernimento: nessa medida alguém paga e retribui a seus pais.” — Angutara Nikaya (2.32) Em outras palavras, como mostra a primeira passagem, é perfeitamente adequado apreciar os benefícios que você recebeu de jangadas e outros utensílios e não sentir nenhuma necessidade de retribuir-lhes. Você toma conta de tais coisas apenas porque isso permite que você se beneficie melhor delas.

O mesmo se aplica a pessoas difíceis e situações que forçaram você a desenvolver firmeza de caráter. Você pode apreciar o fato de ter aprendido persistência lidando com ervas daninhas em seu gramado, ou de ter aprendido equanimidade lidando com vizinhos irracionais, sem ter, por isso, qualquer débito de gratidão para com as ervas daninhas ou os vizinhos. Afinal, eles não saíram gentilmente do caminho deles para ajudá-lo. E se os tomasse como modelo, você aprenderia todas as lições erradas a respeito da gentileza: aprenderia que simplesmente seguir seus impulsos naturais — ou, pior ainda, comportar-se irracionalmente — é a maneira de ser gentil.

Dívidas de gratidão aplicam-se apenas a pais, professores e outros benfeitores que agiram com o seu bem-estar em mente. Eles tiveram de sair do próprio caminho para poder ajudar você e ensinaram, no processo, lições valiosas a respeito da gentileza e da empatia. No caso da jangada, você faria melhor focando sua gratidão em quem lhe ensinou como fazer uma jangada. No caso das ervas daninhas e dos vizinhos, foque sua gratidão nas pessoas que lhe ensinaram a superar as adversidades. Se existem benefícios que você recebeu de coisas ou de situações que você não possa creditar, nesta vida, a nenhum agente consciente, agradeça a si mesmo pelo bom karma que você fez no passado e que permitiu que aqueles benefícios pudessem aparecer. E seja grato pelo bom karma que permite a você, em primeiro lugar, receber e beneficiar-se da ajuda de outras pessoas. Se você não tivesse alguma bondade em seu próprio saldo, elas não seriam capazes de alcançar você.

Trecho do livro: Primeiro a generosidade, Thanissaro Bhikkhu, 2.018

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