Ajahn Jayasāro (16-Novembro-2024)
Certas características das coisas que experimentamos através dos sentidos são agradáveis, e elas nos atraem. A atenção frequente e imprudente (ayoniso manasikara) a essas percepções agradáveis e atraentes leva-nos ao surgimento de vários desejos em nossas Mentes e ao aumento e expansão do que já está presente.
Certas características das coisas que experimentamos através dos sentidos que são desagradáveis e nos levam a repulsa. A atenção frequente e imprudente a essas percepções desagradáveis e repulsivas nos leva ao surgimento de má vontade em nossas Mentes e ao aumento e expansão do que já está presente.
Há ocasiões de baixa energia mental, letargia, bocejos, cansaço após as refeições. A atenção frequente e imprudente a esses comportamentos nos leva ao surgimento de embotamento e sonolência em nossas Mentes e ao aumento e expansão do que já está presente.
Há uma ausência de paz em nossas Mentes. A atenção frequente e imprudente a isso leva ao surgimento de agitação Mental, a pensamentos de culpa e de remorso e ao aumento e expansão do que já está presente.
Há questões que fornecem bases para dúvidas debilitantes. A atenção frequente e imprudente a essas questões levam ao surgimento de dúvidas debilitantes e ao aumento e expansão daquelas já presentes.
Como você recebe impressões sensoriais, como você as atende, como você aplica sua Mente a elas, como você as enquadra, como você as interpreta — tudo contribui para o surgimento e crescimento da contaminação e dukkha.
Dukkha – palavra em Pali que significa dor, tristeza, sofrimento, mágoa, saudade, lamento, depressão ou qualquer outra palavra que não denote Alegria (Sukkha) ou contentamento.
“Quando vemos ou ouvimos falar de pessoas agindo mal, sejam pessoas que conhecemos ou pessoas nos noticiários, nossas reações mais comuns são depressão e raiva. Embora a depressão e a raiva envenenem nossas mentes, nós as deixamos fazer isso repetidamente. Por que fazemos isto a nós mesmos? Existe uma maneira mais sábia.
Quando vemos ou ouvimos falar de pessoas agindo mal, podemos considerar os estados mentais que motivaram essas ações. Podemos refletir, por exemplo: “Isto é o resultado da ganância. A ganância é essa coisa terrível. Causa tanto sofrimento. Como seria maravilhoso se houvesse menos ganância no mundo! Eu também tenho ganância em meu coração.
Toda vez que alimento essa ganância, contribuo para o sofrimento do mundo. Devo, e irei, abandonar essa ganância em meu coração, para o meu próprio bem-estar e para desempenhar o meu pequeno papel na redução do sofrimento no mundo”. Nesta linha de raciocínio, podemos substituir “ganância” por qualquer outra impureza mental.
Refletindo dessa maneira, cada notícia vai contra nossa complacência e aumenta nosso senso de urgência. Reconhecemos a ganância e o egoísmo, os ódios e ciúmes, o apego a opiniões e crenças, que causam tanto tumulto no mundo. Porém, em vez de nos sentirmos oprimidos por eles, façamos deles o combustível da nossa prática.”